sábado, 30 de outubro de 2010

‎"Siddhartha" de Hermann Hesse

‎"Siddhartha" de Hermann Hesse (Casa das Letras)
A vida do fundador do Budismo num texto de uma beleza sublime, onde se evidenciam os valores mais universais.
Estamos perante uma das mais belas obras deste autor germânico nascido em Wuttenberg em 1877 e laureado com o Prémio Nobel em 1946. "Um poema indiano" que exprime u...ma rara capacidade de descrever a beleza e, simultaneamente, de extraí-la de cada átomo do Universo.

É desta forma que descreve a trajectória de vida de Siddhartha, filho de um brâmane ( sacerdote e intelectual Hindú) que opta por abandonar o conforto da vida palaciana e a segurança de uma existência privilegiada, garantida pelo nascimento e explorar o mundo que o rodeia, com o objectivo de saciar a sua infinita sede de Conhecimento.

Submete-se, numa primeira fase, às privações características de um estilo de vida ascético, depois jogará o jogo do Samsara (o mundo das sensações) ao apaixonar-se pela belíssima cortesã Kamala, tendo, para tal, de sumeter-se às regras de um mundo onde impera a opulência e a volúpia. Mas para ele, as sensações são um mero veículo de aquisição de conhecimento.


Mas a serenidade do Nirvana só é conseguida por Siddhartha quando este é tocado por aquele tipo de amor absoluto e incondicional como aquele que um pai sente por um filho e sofrer por esse amor, igualando-se aos restantes mortais - o chamado "povo das crianças". Menos frio e mais empático, o brâmane aproxima-se das pessoas, interessa-se por elas diferenciando-se delas apenas num pormenor: a consciência.

Em Siddhartha a procura do verdadeiro "Eu" da Alma, do perfeito equilíbrio - a ambição de alcançar o Nirvana - está presente ao longo de todo o romance.

Siddhartha é uma história sublime cuja finalidade é mostrar que através do amor pela humanidade que se encontra verdadeiro Caminho para atingir a perfeição de um Buda (o ser perfeito contemporâneo de Siddharta que, segundo a tradição budista, não precisa de reencarnar).

Para Siddhartha, amar o Mundo é mais importante que explicá-lo. Daí defender que a liberdade nunca pode provir de uma doutrina seja ela qual for. Estas, no entender do protagonista, são apenas "palavras, sem dureza, moleza, arestas, cheiro, gosto"...Por isso, não se podem amar as palavras...Mas pode amar-se as pessoas.

Deste ponto de vista, as diferenças entre civilizações, religiões, culturas ou ideologias esbatem-se e aproximam os homens e facilitando a coexistência no Globo.

Uma utopia talvez tão velha como a Humanidade. Mas que vale sempre a pena perseguir. Que o digam Cristo e Ghandi.

Cláudia de Sousa Dias
via

http://www.hasempreumlivro.blogspot.com/

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