quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mostra-me

http://www.agiopen2010.com/

www.a-g-i.org



o teu mapa mental...

dir-te-ei que designer és...

http://jornal.publico.pt/pages/section.aspx?id=67340&d=11-10-2010

Mostra-me o teu mapa mental dir-te-ei que designer és

Nem todos os designers podem pertencer à Alliance Graphique Internationale (AGI). É um clube da elite do design a que só se acede por convite e que tem como membros históricos nomes como Saul Bass, autor de alguns dos cartazes mais icónicos do cinema. Há apenas três designers portugueses na AGI - o designer tipográfico Mário Feliciano e a dupla Lizá Ramalho e Artur Rebelo, os R2. Eles são os anfitriões do AGI Open 2010, que hoje começa no Porto entre a Casa da Música e o Palacete Pinto Leite, sob o tema O Processo é o Projecto. Conferências, workshops e uma exposição dos mapas mentais que explicam o processo criativo de vários designers. O P2 convidou quatro a descodificarem o seu. Por Joana Amaral Cardoso

Tema
Brief + Politics + Money x Head = Solution é o mapa mental de Paula Scher e, com tantas referências culturais, cores e rabiscos, "é muito directo", diz a autora. "O meu cérebro é um computador. Se introduzirmos o briefing e a política do cliente, mais o orçamento, isso misturar-se-á com tudo o resto na minha cabeça - letras de músicas rock and roll, filmes, artistas influentes - e tudo isso vai criar uma qualquer forma que é uma solução", resume. O mapa mental de Paula Scher, ideia aplicada a todos os criadores a partir do tema proposto pelos designers do atelier R2 - Lizá Ramalho e Artur Rebelo - que organizam este AGI Open, é generalista. "Aplica-se a tudo o que faço", digita em resposta ao email do P2. É "frequentemente preguiçosa", como se descreve, e a parte mais difícil no seu trabalho, confessa, "é ser motivada para pensar mesmo". Mas quando recebe o briefing, a bola começa a rolar. É pragmática na forma como o aborda e tem o "lixo" na ponta da língua. "O briefing é o briefing, a situação é a situação e eu sou eu. Quando se enfia um briefing e uma situação no meu computador cerebral, sai algo que é influenciado por todo o lixo na minha cabeça", descreve. "Muitas vezes, os meus clientes não gostam [da solução que desenhou] e querem livrar-se da parte que é a minha cabeça-lixo (eu acho sempre que essa é a melhor parte), mas, ainda assim, é isso que sai no final." Tendo começado a trabalhar na arte discográfica para depois passar à direcção de arte nos media e agora mais focada na consultoria, nos últimos anos concluiu que "o design gráfico pode ser [hoje] conseguido muito rapidamente [graças aos saltos tecnológicos particularmente rápidos], mas ainda precisamos de alimento na cabeça para fazermos associações, analogias, para tornarmos as coisas familiares e inteligíveis para os outros". Uma vez mais, convidada a eleger um trabalho ou um tipo de projecto de que goste particularmente e que a desafie, Paula Scher vai ao contentor: "O meu projecto preferido é sempre o próximo e levo toda a porcaria na minha cabeça para todo lado."

Tema

É o New York Times que o diz: "Nicklaus Troxler tornou-se uma figura de culto tanto no mundo do design quanto no do jazz." Fundador e organizador do festival Jazz in Wilsau (Suíça, em 1975), enche a sua cidade de posters dedicados aos intérpretes da música preferida. É influenciado pela Pop Art, apesar de pertencer à escola e linhagem bem reconhecida de design gráfico suíço e, em particular, ao design de cartazes. Como se mistura o jazz e o design, como se faz swing gráfico? Troxler vai mostrar isso mesmo na exposição do AGI Open, com From the Brief to the Sound. Inicialmente pensou que fazer um mapa mental do seu processo criativo era "uma ideia estúpida". Depois, interessou-se. Perguntamos-lhe se a música é o seu catalisador laboral. "Claro que há trabalhos em que não preciso de música. Mas especialmente quando trabalho para música, preciso de ouvir música. A música é um verdadeiro catalisador, isso é verdade." No seu caso, o mapa que apresenta no Porto é um mapa generalista. Mas "mostra que estou a trabalhar à minha maneira, que é muito pessoal". O mapa que aqui vemos foi fácil de desenhar, conta. O que foi mais difícil foi encontrar "um estilo específico para as formas e as figuras. Mas como a maior parte do trabalho, foi divertido descobri-las". Deixou de fora a ideia do briefing, esse misto de pontapé de saída e de colete-de-forças para alguns designers, e focou-se mais na ideia do processo pessoal de criação de uma identidade gráfica. Troxler não consegue carregar no stop, o seu trabalho envolve mesmo quase sempre a tecla play: "Os meus projectos preferidos são sempre desenhar um poster ou uma capa de CD. Ainda é um grande desafio para mim descobrir uma nova forma de atingir um resultado", explica. "Estou a desenhar um grande livro sobre a cena jazz em Wilsau, com centenas de boas fotografias, belos textos e posters. Vai demorar mais um ano a concretizar, é um trabalho em curso." Diz ao P2 que adora o desafio de encontrar um novo caminho, uma nova solução para um problema. Só assim é interessante. "O que é mais importante é que estou a mudar." "O que eu sei, depois de tantos anos na profissão: a rotina é verdadeiramente assassina! Temos de lutar contra ela."

Tema

Ele é uma daquelas super-estrelas do design. Sagmeister regressa hoje à Casa da Música, cuja identidade visual criou, para explicar o seu processo criativo em exposição e conferência no AGI Open. O mote? O design e a felicidade. Como se pode ser feliz como designer, como é que o design pode fazer-nos felizes. Na última década, o processo criativo de Sagmeister e seus colaboradores mudou. "Tentamos ter uma abordagem muito mais individual, pessoal e humana do design, porque senti que todo aquele trabalho objectivo e feito por máquinas que vem do Modernismo dos anos 1920 e 30 deixa muitas das pessoas que o vêem insensíveis, frias", diz ao P2. No Porto, expõe-se via mapa mental. Apesar de "nunca ter levado o conceito a sério, parecia-me uma coisa com que agências de publicidade parvinhas se ocupariam". O designer austríaco só ficou convencido da validade dos mapas mentais quando conheceu o seu inventor, Tony Buzan. O tema do seu mapa mental, quase impenetrável para outro que não o seu autor ("Não tenho nada contra mapas mentais perfeitamente caligrafados e altamente legíveis", diz-nos), é Happy Film Mind Map, que mais tarde se transformou num guião. O Happy Film é um projecto do designer austríaco em que aborda o bem-estar de pessoas de todo o mundo, tendo pedido contributos via Weba designers e artistas sobre o seu estado de felicidade. Uma coisa é certa: as suas palestras estão cheias de risos. E Stefan Sagmeister é feliz na abordagem aos seus projectos? "Já usei mapas mentais para inúmeros outros projectos. E a beleza é que nada há de difícil nisso." A mudança é um desafio. Consumimos música, por exemplo, de forma diferente. Como vê a forma como as capas de discos agora são recebidas (ou não)? "Não sou muito nostálgico quanto à mudança, há tantas outras avenidas por onde seguir", explica por email. "Mas para os músicos é difícil. Não só a maior parte do público não paga pelo trabalho deles, mas agora que as capas desapareceram, muitos ouvintes não sabem o nome da banda que ouviram no trabalho, aquela música que o estagiário trouxe, e nem sabem como é o aspecto do grupo. Por isso, quando vêem um poster sobre o concerto lá na cidade, não conseguem relacionar-se com aquela música de que tanto gostaram."

Fonte
http://jornal.publico.pt/noticia/11-10-2010/temas-20380790.htm

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