"Na véspera de não partir nunca Ao menos não há que arrumar malas Nem que fazer planos em papel... Todos os dias é véspera de não partir nunca" Álvaro de Campos
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Viajando por aí...
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“My work is based in trust. I don't work well just snapping pictures, although some people would say the opposite. I really feel like intimacy and trust are the guide to my work.”
Jim Goldberg, in Magnum Photos Featured Photographer
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Aveiro
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Parque Infante Dom Pedro, em Aveiro
5º projecto Entre Gerações apoiado pela Gulbenkian
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http://uaonline.ua.pt/detail.asp?lg=pt&c=10658
Plataforma que a Fundação Calouste Gulbenkian criou para os projectos.
http://intergenerationall.org/?lang=pt
O projecto P=LHNS visa dinamizar e promover a preservação do emblemático Parque Infante Dom Pedro, no distrito de Aveiro, envolvendo a colaboração e a cooperação entre gerações mais novas e mais velhas.
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sábado, 29 de janeiro de 2011
Retrato a Preto e Branco
Ansel Adams
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
"The little prince"
seguir
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Great Lakes - Engage!: Rise and Fall of the Great Lakes from the Canadian...
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
(Sérgio Godinho/Milton Nascimento)
(Sérgio Godinho/Milton Nascimento)
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes
Ah, quanto eu queria conseguir
Trazer a Barca à madrugada
E desfraldar o pano branco
Na que for terra mais amada
E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no céu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu vi me fez vogar
De rumos meus, a cais errantes
Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia
E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no seu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo
Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes
Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia
domingo, 23 de janeiro de 2011
Quem te vai dizer quando for tarde demais?
Quem te vai dizer quando for tarde demais?
Quem te vai dizer que as coisas não são tão boas?
Não podes continuar a pensar que está tudo bem
Quem te vai levar para casa esta noite?
Quem te vai levantar quando caíres?
Quem vai desligar o telefone quando ligares?
Quem vai prestar atenção aos teus sonhos?
Quem vai prestar atenção, quando gritares?
Não podes continuar a pensar que está tudo bem
Quem te vai levar para casa esta noite?
Quem te vai segurar quando tremeres?
Quem vai estar por perto quando desanimares?
Não podes continuar a pensar que está tudo bem
Quem te vai levar para casa esta noite?
Não podes continuar a pensar que está tudo bem
Quem te vai levar para casa esta noite?
via
http://pulse.blogs.sapo.pt/
sábado, 22 de janeiro de 2011
22.01.2011
É chato, mas acontece
Por Miguel Esteves Cardoso
O dia da reflexão é aquele em que ficamos todos a olhar uns para os outros, como se nos víssemos ao espelho, como portugueses
Antes de ser ponderar, reflectir é outras coisas que também se fazem hoje. Flectir é dobrar e reflectir é voltar a dobrar. Nos dicionários antigos (e em muitos dos actuais), a primeira definição de reflectir que aparece é "fazer retroceder, desviando da primitiva direcção".
É essa a grande esperança de cada candidato à Presidência: que muitos eleitores que até aqui se inclinavam para votar num dos adversários, ou em nenhum, mudem de caminho para irem votar nele.
Esses eleitores reflectidos são os mais desejados. Cobiçam-se os mais infiéis e desinteressados, como se estes eleitores estivessem a fingir-se abstencionistas de propósito, para tornarem-se o centro de atenções dos candidatos.É uma das estratégias de engate mais antigas: quanto menos eu te ligar, mais tu hás-de querer ligar-te comigo.
A julgar pelo inquérito no PÚBLICO de ontem, todos os candidatos estão chumbados, a sensação que todos criaram foi de grande vazio e ninguém acredita nem neles nem que possam fazer alguma coisa de jeito.
O nome do dia da reflexão diz tudo. Se fosse a um dia de semana e desse direito a um feriado, ainda se aceitava, com um encolher de ombros, a sugestão paternalista que aproveitássemos parte do dia para reflectir sobre se e como vamos votar.
Assim, a um sábado, dá vontade de rir. A ideia de se fazer um intervalo na propaganda eleitoral é para quê? É com certeza porque as campanhas foram tão eficazes e aliciantes que, se não se suspendessem as artes mágicas de persuasão pública que os candidatos têm usado, nós, francamente, ficávamos com vontade de votar em dois ou três. Éramos lá capazes de escolher só um.
Por outro lado, não nos fica bem a nós, eleitores, queixarmo-nos que as campanhas foram pouco mobilizadoras quando sabemos perfeitamente que, com o estado de espírito com que estamos, com os cornos no ar e os dedos dos pés presos às pantufas, não havia, nunca houve, desde o primeiro dia de campanha, força nenhuma, nem humana nem intergaláctica, que fosse capaz de mobilizar um único dos nossos rabos.
Se éramos imobilizáveis, se fazíamos questão de ser, se só assim é que estávamos bem - e com muito orgulho - com que direito é que nos pomos a protestar que as campanhas foram frouxas e pouco imaginativas? Quem sabe se não houve uma ou outra que até foram fascinantes? Se calhar, houve. Nós é que não temos maneira de saber, porque não estávamos a prestar atenção, porque não estávamos para isso.
A reflexão mais comum no dia de hoje será de alívio: até que enfim que isto acabou. Já falta pouco para voltar tudo à cepa torta, da qual, verdade se diga, até já tínhamos algumas saudades.
via
http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/e-chato-mas-acontece_1476568
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Amigos e companheiros
when an old hermit monk has his day interupted by an uninvited guest, he is unwillingly taken on a journey to discover the true meaning of companionship.
http://www.youtube.com/watch?v=mQQ3BdjCc4I&feature=player_embedded
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
domingo, 16 de janeiro de 2011
Concerto de Ano Novo
Concerto de Ano Novo
Temporada Darcos
16 Janeiro » Domingo » 18h00
Teatro-Cine de Torres Vedras
A TEMPORADA DARCOS 011 é uma série de concertos que se realizam no Teatro-Cine de Torres Vedras e cuja direção artística está a cargo do compositor e maestro Nuno Côrte-Real.
Maioritariamente constituída por música de câmara interpretada pelo Ensemble Darcos (grupo em residência no Município de Torres Vedras) a TMPRD DARCOS 011 apresentará uma programação diversificada e dinâmica, e onde alguns concertos serão comentados por proeminentes figuras do mundo musical português.
Para celebrar o ano novo que agora começa, a TEMPORADA DARCOS 2011 apresentará um concerto com muita energia e boa disposição! O concerto para violoncelo e orquestra em dó maior de Haydn será interpretado pelo violoncelista Filipe Quaresma, um dos maiores violoncelistas portugueses da atualidade e membro do Ensemble Darcos, ao lado da abertura da ópera "As Bodas de Fígaro" de Mozart, uma das páginas mais célebres do compositor austríaco.
Em destaque, será apresentado o conto sinfónico de Prokofiev, "Pedro e o Lobo", obra que pela sua genialidade tanto serve miúdos como graúdos, ambos, aliás, muito bem vindos a este concerto; a narração será feita pelo actor e encenador Paulo Matos, artista que conhece bem o mundo da música clássica e da ópera. Finalmente, e para integrar o espírito criativo do novo século em que vivemos, a abertura "Secondo Novecento" do compositor português Côrte-Real, obra curta mas enérgica, celebrando os diferentes estilos musicais que na segunda metade do século XX tiveram protagonismo.
Toca a orquestra Filarmonia das Beiras dirigida pelo maestro Nuno Côrte-Real.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Porque me olhas assim - Cristina Branco
Diz-me agora o teu nome
Se já dissemos que sim
Pelo olhar que demora
Porque me olhas assim
Porque me rondas assim
...
Toda a luz da avenida
Se desdobra em paixão
Magias de druida
Pelo teu toque de mão
Soam ventos amenos
Pelos mares morenos
Do meu coração
Espelhando as vitrinas
Da cidade sem fim
Tu surgiste divina
Porque me abeiras assim
Porque me tocas assim
E trocámos pendentes
Velhas palavras tontas
Com sotaques diferentes
Nossa prosa está pronta
Dobrando esquinas e gretas
Pelo caminho das letras
Que tudo o resto não conta
E lá fomos audazes
Por passeios tardios
Vadiando o asfalto
Cruzando outras pontes
De mares que são rios
E num bar fora de horas
Se eu chorar perdoa
Ó meu bem é que eu canto
Por dentro sonhando
Que estou em Lisboa
Diz-me então que sou teu
Que tu és tudo p'ra mim
Que me pões no apogeu
Porque me abraças assim
Porque me beijas assim
Por esta noite adiante
Se me pedes enfim
Num céu de anúncios brilhantes
Vamos casar em Berlim
À luz vã dos faróis
São de seda os lençóis
Porque me amas assim
E lá fomos audazes
Por passeios tardios
Vadiando o asfalto
Cruzando outras pontes
De mares que são rios
E num bar fora de horas
Se eu chorar perdoa
Ó meu bem é que eu canto
Por dentro sonhando
Que estou em Lisboa
dizes-me então que sou teu
que tu és toda p’ra mim
que me pões no apogeu
porque me abraças assim
porque me beijas assim
por esta noite adiante
se tu me pedes enfim
num céu de anúncios brilhantes
vamos casar em Berlim
à luz vã dos faróis
são de seda os lençóis
porque me amas assim"
Letra e Música de Fausto
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
O assalto - Carlos Drummond de Andrade
Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
— Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?
— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assun tar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
— No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
— É uma mulher que chefia o bando!
— Já sei. A tal dondoca loira.
— A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.
— Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
— Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
— Vai ver que está caçando é marido.
— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
— Sangue nada, é tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia jóias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pêlo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
— Pega! Pega! Correu pra lá!
— Olha ela ali!
— Eles entraram na Kombi ali adiante!
— É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído, Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
— Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que sorveteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!
Carlos Drummond de Andrade
via
http://vdeguaratiba.blogspot.com/
o tempo transforma tudo em tempo
devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
As Pontes de Madison County
"As Pontes de Madison County é a história de Robert Kincaid, fotógrafo famoso, e de Francesca Johnson, mulher de um agricultor do Iowa. Kincaid, de 52 anos, é fotógrafo da National Geographic — um estranho e quase místico viajante dos desertos asiáticos, dos rios longínquos, das cidades antigas, um homem que se sente em desarmonia com o seu tempo. Francesca, de 45 anos, noiva italiana do pós-guerra, vive nas colinas do Iowa com as memórias ainda vivas dos seus sonhos de juventude. Qualquer deles tem uma vida estável, e no entanto, quando Robert Kincaid atravessa o calor e o pó de um Verão do Iowa e chega à quinta dela em busca de informações, essa estabilidade desaba e as suas vidas entrelaçam-se numa experiência de invulgar e estonteante beleza, que os marcará para todo o sempre."
É uma história linda, sobre o poder do amor e do altruísmo. Sobre os sonhos e sobre a renúncia.
Robert James Waller escreve magnificamente. É excelente na captação da essência das personagens, especialmente de Robert Kincaid.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Palavras na Barriga
Felizmente, todos os dias podemos armazenar centenas de novas palavras, através do nosso contacto com o mundo- as conversas com os amigos, as leituras, o teatro, o cinema… tudo traz , à nossa vida , muitas e mais palavras e assim vamos preenchendo o nosso stock , adiando o derradeiro desfecho…
Desde que esta historia (contada no livro “O Menino que guardava as Palavras na Barriga”, de Juva Batella ) apareceu na programação de “Os dias da música” do Centro Cultural de Belém, que não páro de pensar ( e de as tentar contabilizar …) nas palavras que estarão na minha barriga.
Há aquelas que nasceram comigo, sem dúvida- “Obrigada” é uma delas; certamente utilizo-a mais agora do que quando era mais jovem e dava tudo por adquirido. Nos dias de hoje agradeço tudo, a todos; por tudo e por todos. Aceito, grata, a benção que é estar viva, com saúde, ter uma família maravilhosa, amigos generosos, um trabalho que adoro. Outra das palavras que anda pelas entranhas desde sempre é “Celebrar”. Pelas mesmas razões. Que bom que é poder celebrar as coisas boas que a vida nos vai dando; acho até que há uma certa dose de arrogância em deixar para amanhã alguma coisa quando afinal, só temos a certeza de estarmos cá hoje .
A lenda da barriga que se atesta com palavras para nos mantermos vivos faz-nos pensar na importância da partilha - de palavras e não só; ficar sozinho, a olhar para o nosso umbigo tatuado por dentro com mil e uma palavras só pode, de facto , levar-nos à morte. Imagino uma barriga com palavras a murchar por dentro porque não são mimadas, porque não têm sementes novas a brotar por todo o lado. Do outro lado, uma vida risonha, pejada de palavras vivas que damos aos outros , que se trocam com os outros. À semelhança de uma caderneta: já tens esta palavra?
Algures em finais da década de 70 ( sim, do século passado…) um colega de escola perguntou à nossa querida professora, D. Celeste, o que era afinal um “tagarela” – palavra solitária que dava titulo ao livro de leituras da 3ª classe. “Tagarela é a Fernanda” – respondeu com um misto de carinho e brincadeira, olhando para mim com o seu ar sereno: tagarela é alguém que não pára de partilhar palavras. Lembro-me da risota geral e da associação a posteriori àquela alcunha. Mas recordo-me sobretudo de pensar que, um dia, ainda viria a tirar proveito da dita tagarelice.
Quando me contaram esta lenda, recuei ao século passado e parei naquele dia: será que entre linhas, a minha professora estava a augurar-me uma longa vida, repleta de palavras partilhadas, tagareladas?
Saberia já ela que o meu futuro ia passar por falar com os outros, comunicar, distribuir e recolher palavras?
Hoje as palavras são , para mim, um bem precioso. Há quem diga que o vento as leva, uma vez que as acções, essas sim, é que marcam os acontecimentos. Mas se há palavra que trouxe para dentro da minha barriga há uns anos e que tem sido usada vezes sem conta é a palavra “Coerência”. Para mim, não vale a pena pensar uma coisa, dizer outra e fazer ainda uma outra. Assim, de facto, o que dizemos não faz sentido e as palavras tornam-se vãs. E essas, é preferível mantê-las dentro da barriga. E longe do coração."
Fernanda Freitas
Luxwoman, maio 2010
domingo, 9 de janeiro de 2011
sábado, 8 de janeiro de 2011
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
O essencial é o espanto
"A fé não é uma caixa bem arrumada, um livro bem escrito, uma camisa que se compra feita ou um património cultural que faço meu. A fé é acreditar, é uma descoberta permanente, uma conversa sem fim, um diálogo cheio de dúvidas. O essencial é o espanto, o encontro e a capacidade de ver. A fé não pode ser normativa, não é uma lei, isso é um equívoco e gera mal-entendidos."
Christophe Theobald
http://www.caminhandocomele.com.br/Default.aspx?tabid=59&ItemId=27
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Janeiras
vimos cantar as Janeiras num País atrapalhado
Que os Reis Magos nos valham e a água dos camelos
Pois a crise aperta tanto, que aos chouriços, nem vê-los!
Que família generosa neste palácio encantado!
Passa-nos a mão no bolso, à reforma e ordenado
Se não nos pomos a pau, com um porrete na mão,
Os senhores da casa alta, não dão chouriço nem pão.
E os pastores que se cuidem, a caminho de Bebém
que levem roupa ao Menino, que inda nem roupa tem
Pois com tanto candidato a fingir-se presidente:
Dão 2000 anos de tanga dum governo mendicante
Mavilde Lobo Costa
via
http://ospoetasdaapp.blogs.sapo.pt/
http://contra-sensual.blogs.sapo.pt/
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Clarice Lispector
de Clarice Lispector