sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

LÊDO IVO


Soneto das Alturas

As minhas esquivanças vão no vento
alto do céu, para um lugar sombrio
onde me punge o descontentamento
que no mar não deságua, nem no rio.

Às mudanças me fio, sempre atento
ao que muda e perece, e ardente e frio,
e novamente ardente é no momento
em que luz o desejo, poldro em cio.

Meu corpo nada quer, mas a minh'alma
em fogos de amplidão deseja tudo
o que ultrapassa o humano entendimento.

E embora nada atinja, não se acalma
e, sendo alma, transpõe meu corpo mudo,
e aos céus pede o inefável e não o vento.

(Acontecimento do soneto, 1948.)
Lêdo Ivi





créditos:
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=765&sid=150

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=150

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=14382&sid=960

http://youtu.be/rewDyf1KRWc

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