quarta-feira, 9 de maio de 2012

promover uma cultura do empenho e da responsabilidade

"Três pontos, três referências. A primeira diz respeito ao que hoje li sobre o que há dias disse numa Universidade da Suíça a Sr.ª Christine Lagarde, responsável pelo Fundo Monetário Internacional, e que foi o seguinte: em termos de emprego, a nível mundial, estamos assim: 200 milhões de pessoas em idade activa estão sem emprego, dos quais 75 milhões são jovens ainda à espera do primeiro! Números como estes, para todos os efeitos, não podem senão fazer uma coisa: causar calafrios, provocar o pensamento. Repito: calcula-se em 200 milhões os seres humanos em idade activa, ou seja, em tempo de se realizarem e, com isso, de contribuir para o Bem Comum, que não conseguem o que mais importa a qualquer ser humano: aceder ao mercado de trabalho, ser capaz de cuidar-de-si e dos seus, realizar algo que sirva, para si e os outros, para o bem próprio e o de todos. Dito isto, a Directora do Fundo Monetário Internacional apresentou a "sua" solução, a qual, evidentemente, não pode ser senão a do consenso: combinar da melhor forma possível a necessária austeridade para controlar os deficits públicos com uma política de crescimento económico. A solução é perfeita, mas exige muita coragem, habilidade e, sobretudo, políticas honestas e consistentes, tanto mais que sem crescimento económico não haverá redução do deficit e com contas fora de controlo não haverá crescimento possível. Isto, por um lado. É que por outro, dizia também ontem um famoso economista norte-americano em visita à Itália, referindo-se à razão de ser do problema económico que este País atravessa, e que em Portugal não é muito diferente: severa quebra na curva da demografia! De facto, está mais do que claro que sem um sustentado, e razoável, crescimento demográfico as nossas economias não se podem sustentar. Em suma, temos aqui um triângulo que tem de ser pensado, articulado, conjuntado: rigor nas contas, por um lado; crescimento económico, por outro; uma coisa e outra, porém, substancialmente dependentes das maiores de todas as riquezas: a pessoa humana! Eis, então o paradoxo: quanto mais abranda a demografia, mais abranda o crescimento e, consequentemente, mais aumenta o desemprego! Dito isto, só não entendo, como tantas vezes o tenho dito, que não se verifiquem a nível Europeu, e mundial, debates sérios, consistentes, permanentes, entre especialistas das mais diversas áreas do saber em ordem a fazer o que é preciso: apresentar linhas de acção consolidadas, consistentes e duráveis. O drama do desemprego é terrível e é da responsabilidade de todos tentar encontrar respostas a este que considero estar entre os mais sérios e difíceis problemas da nossa actualidade política e económica. Finalmente, e este é o meu terceiro ponto no início anunciado, pensar que em Espanha são já mais de 5 milhões os desempregados e que a maioria deles são jovens, leva-me a aplaudir o que hoje ouvi na Rádio Vaticana relativamente a um programa que na Catalunha a Igreja está a desenvolver no sentido de remediar seja às necessidades urgentes das cerca de 150 000 pessoas que dela dependem para uma refeição diária seja, sobretudo, para dar aos jovens uma primeira oportunidade de emprego, programa esse que, felizmente, conta já com a adesão de instituições como o Barcelona FC e outros clubs de futebol. E concluo: pensar que não ter filhos é um bem, é um mal; julgar que sem trabalho se pode ser feliz, é irrealista; resumir os problemas da economia ao deficit, é uma ilusão. Assim, no que à Europa se refere, precisamos todos de dar as mãos, realizando aquele princípio da Doutrina Social da Igreja que dá pelo nome de Solidariedade; sobretudo, e isso a nível mundial também, precisamos de promover uma cultura do empenho e da responsabilidade, do serviço e do Bem Comum. E, claro, para além de tudo o mais, isto sobretudo: investir no futuro das pessoas, nas novas gerações, no contributo do engenho humano! Afinal, o drama do desemprego não é só o de quem quer e precisa de trabalho e não o encontra; de facto, ele é sobretudo o drama de uma sociedade, local e global, que se dá ao luxo de não aproveitar talentos, de não fomentar a criatividade, de não lançar mão da maior riqueza de que dispomos como Família humana: cada um dos membros que a compõem!" J.J.V-C

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