sábado, 7 de abril de 2012

"A relação Médio-Doente é uma das coisas mais importantes, mais determinantes e, talvez, por estranho que pareça, mais difíceis, da relação terapêutica. Acabo de ler este interessante artigo e não posso senão voltar a dizer o que desde há mu...ito penso ter vindo a, ou pelo menos gostaria de, sublinhar: a qualidade humana da relação médica, um tema que teima em não entrar a sério na formação dos médicos e outros profissionais de saúde. Sobre esta importantíssima problemática sempre encontrei grandes coisas nos escritos de um dos realmente interessantes "filósofos" da medicina do passado século XX: Pedro Laín Entralgo. Evidentemente, os médicos também têm sentimentos, e ai do médico que os não tenha (ou, pior ainda: pobres os que tivessem de ser tratados por meros robôs!). Mas uma tal afirmação não deveria servir para nada mais senão para isto: encontrar modos e estratégias de saber usar esta importantíssima esfera da vida humana ao serviço da melhor e mais profunda compreensão da pessoa que vai ao médico, que precisa do médico, que tem de se submeter ao que a pessoa que represente a Arte da Medicina eventualmente tenha de lhe dizer, prescrever ou simplesmente fazer. O acto médico, para todos os efeitos, resulta de um encontro de sensibilidades: a do que sabe e pode com a de quem, normalmente, não sabe e, por isso e para além disso, precisa de ser ajudado/a. E com isto fico a pensar numa das palavras-chave que se encontra no Evangelho de hoje, ali mesmo quando Jesus apenas diz: A Verdade vos Libertará! E contudo a questão permanece, e até Pilatos foi, quase no Fim, capaz de a fazer: O que é a Verdade? Por agora, refiro-me apenas à verdade que deve estar presente em todo o Acto Médico: o que é essa verdade? Para responder, faço uma primeira tentativa: o abraço da ciência e da técnica com as exigências mais profundas que o coração humano tem e, para ser humano, não pode deixar de ter, exigências essas que, numa palavra, se podem dizer como sendo de compreensão existencial e de compaixão efectiva, feita esta núcleo ordenador de toda a acção inter-subjectiva."
João J. Vila-Chã

http://www.nytimes.com/2012/03/28/opinion/doctors-have-feelings-too.html?_r=1&pagewanted=1&nl=todaysheadlines&emc=edit_th_20120328

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