(Augusto Pinheiro, Paisagem com Castelo).
O coração está no “centro” do organismo humano, entre o Sistema Neurossensorial (SNS) e o Sistema Metabólico (SM). Estes dois pólos têm dinâmicas polares. O pólo superior tem uma dinâmica “estruturante” e o inferior uma dinâmica “anabolizante”. Com relação ao movimento muscular, podemos dizer que a dinâmica neuro-sensorial estimula o músculo estriado, que recebe impulso consciente (da alma e do Eu), enquanto que a dinâmica metabólica gera impulsos inconscientes (geradora do tônus) para a musculatura lisa. Já o coração é um músculo de origem sincicial, como se fosse uma mistura entre os dois anteriores e age como uma única célula, trabalhando como uma unidade sincrônica. Por isso o pensar – sentir – querer tem a ver com estes três sistemas orgânicos:
Numa fase bem precoce, em que o embrião corresponde apenas a um plano, como um “sanduíche”, o coração assume a posição acima da cabeça. Depois, quando o embrião faz a sua flexão, o coração migra para a parte do meio, no tórax. Por isso existe uma relação entre o SNC e o coração, nas descargas nervosas (somatizações) para esse órgão. O pulmão, ao contrário, origina-se da vesícula respiratória (do intestino primitivo) que migra para a caixa torácica. O coração “desce” da sua posição acima da cabeça do embrião e o pulmão “sobe” da sua posição metabólica. Devido a isso pode-se compreender as origens das várias patologias desses órgãos e tratá-las com mais eficácia. O que os filósofos ou os orientais falavam, se constata embriologicamente, na formação da Vida: Na origem havia a unidade (Deus), que gera a polaridade e desta, a trimembração.
Os antigos viam uma relação profunda existente entre o coração e a circulação, assim como a que existe entre o sol e o cosmo; mesmo Aristóteles via essa relação: “o microcosmo imitar o macrocosmo”. O próprio aurum (ouro) que é um metal nobre, era visto como um representante do sol na terra (como o coração é o microcosmo e o representante do sol no organismo). O próprio descobridor da circulação, W. Harvey, em 1628, designava a circulação como Aristóteles. Mas muito cedo também começou a idéia de que o coração seria uma bomba (em 1681, com Borelli). Outros pesquisadores, porém, contestaram essa visão mecânica da função cardíaca. J.Müller, em 1833, pesquisando embriões, observou que o sangue circula sem coração, o que levou M. Mendelson, em 1928, a propor que “o coração é um órgão secundário, o coração não é um motor, é um regulador.” Também Lorenz Oken, em 1964: “O pulsar do coração não é causa da circulação, é bem ao contrário: o coração bate em conseqüência da circulação.”
Ou seja, o coração não é uma bomba, como teimosamente a ciência atual quer impingir.
Então, como estamos vendo, é o fluxo sanguíneo que transmite o impulso ao coração e não vice-versa. Como vimos em Aristóteles, “o movimento é eterno” e portanto não tem início nem fim. Portanto, para se ter uma resposta correta, é preciso formular a pergunta correta. É errado perguntar, nesse caso: Quando começou o movimento? Porque ele não começou, é eterno, não tem começo nem fim! A pergunta certa é a seguinte: Quando o movimento sofre “estancamento?”, ou quando o coração começa a bater? Porque, como sabemos, o sangue já circula no embrião mesmo antes de nascer o coração. Portanto, a partir da formulação correta da pergunta, podemos aduzir que, primeiramente, o coração não é uma bomba, mas um órgão sensorial e “represador” (controlador do fluxo sanguíneo).
Só como curiosidade, quantos batimentos por minuto (bpm) apresentam os corações do elefante e do camundongo? Se supuséssemos o coração como uma “bomba”, logo iríamos responder que é o coração do elefante que deveria bater mais rápido para “bombear” tanto sangue num corpo mastodôntico. Mas não é isso o que ocorre. O coração do elefante “bate” 25 bpm, enquanto o coração do camundongo “bate” de 1000 a 1320 bpm.
Portanto, o coração é um músculo, e nele atua a alma (como querer, volição). No animal excitado, como no camundongo, a descarga nervosa-anímica passa pela via supra-renal, liberando a adrenalina (ou nor-adrenalina), que começa a atuar como substrato fisiológico orgânico para que a alma possa agir no músculo, principalmente no coração, que é sede orgânica do sentir. Mesmo numa taquicardia não ocorre aumento de volume sanguíneo, como primariamente poderia se justificar se fôssemos imaginar algo puramente mecânico (numa bomba), mas ocorre sim uma descarga anímica/adrenérgica que promove a taquicardia, com sístoles freqüentes. Isso ocorre na pessoa estressada e é a origem da angina pectoris e do infarto, como veremos no final deste capítulo, a título de ilustração.
Na “periferia” do corpo (nos capilares), o sangue flui espontaneamente. Pode-se bem observar isso no Paramecium, composto de uma célula: a água entra e sai do seu corpo e ele não possui uma “bomba” cardíaca. Também isso ocorre nos amphioxus, animais que não possuem coração, apenas capilares. Pode-se dizer que esses animais têm apenas “vida vegetativa”. Quando os vasos sanguíneos vão se tornando maiores, o sangue vai perdendo o fluxo, e isto não serve para o desenvolvimento da vida da alma (psíquica). Por isso existe a necessidade do coração, que é um órgão tipicamente do animal e do homem (que são possuidores de alma), cuja função precípua é “soerguer” o sangue, que se encontra submetido à gravidade, permitindo assim se ligar de novo com as “leis da periferia”, onde o sangue flui sozinho. O que ocorre na periferia do organismo? Aí vigoram as leis cósmicas não gravitacionais. É o exemplo da “tonelada” de poeira e pó que fica flutuando no ar. A poeira não tem peso “na periferia”, porque vigoram aí outras leis não terrestres, portanto; se diz que vigoram agora as leis cósmicas (periféricas, vitais ou etéricas). O mesmo ocorre na capilaridade do organismo, quando o sangue flui sozinho e vigoram as leis cósmicas-etéricas. Somente quando o sangue chega aos vasos mais calibrosos, ele cai na gravidade e perde velocidade. Há a necessidade de uma força muscular (da alma) para “soerguer” o sangue, com objetivo de “acelerá-lo”. O coração não é o responsável pela impulsão do sangue, porque a circulação acontece sem o coração, como vimos em animais pequenos, mas a sua função básica é “modificar” a circulação, é dar uma acelerada no sangue! Em animais pequenos, a alma não encarna (por isso não necessitam do coração), ao passo que em animais superiores há uma vivência psíquica (e no homem além da alma há o Eu); e a base anatômica para isso é o sistema arterial. Através da pressão sanguínea, “mede-se” a alma dentro do corpo. O trabalho tensional (gerar PA – Pressão Arterial) é 100 vezes maior do que o de impelir o sangue, já que este chega ao coração fluindo. Portanto, a finalidade do coração é produzir pressão e isso corresponde a 99% do seu trabalho. Somente 1% é responsável pelo movimento sanguíneo. Então, quase 100% são para produzir PA. E isto tem a ver com a presença da alma dentro da corporeidade: se o indivíduo está bem “encarnado” ou não. O normal que se observa é uma PA de 120×80 ou 110×70 mm Hg. A pressão baixa denota falta de entrosamento anímico dentro da corporeidade e uma pressão alta denota congestão anímica no sistema rítmico (somatização), em consequência do repuxamento anímico do metabolismo (dessomatização).
A nossa “consciência moral” só existe porque temos um órgão especial para isso, que é o coração. Através dele temos a percepção do aspecto moral, porque nele atua o Eu. Se tivéssemos um coração como o dos peixes, não teríamos uma consciência moral, porque a vida do Sentir nesses animais apenas flui (não apresentam “paradas”). A moralidade, portanto, só existe nos seres humanos, porque se necessita de um órgão cardíaco diferente dos animais. A motivação está no espiritual e por isso o coração é tão complicado. Naturalmente, como se disse, ele tem uma relação com o etérico, a alma e principalmente com o Eu. Pode-se tirar uma importante conclusão: o organismo se forma a partir da função e não de algo pré-existente, de um modelo (genético). É claro que a genética é como um alicerce, mas todo trabalho orgânico segue leis anti-econômicas. Afinal, por que imaginar todo esse esforço anti-fisiológico, complexo e desnecessário? Toda essa complicação parece mais predispor a um processo patológico. E é verdade! Por que todos os seres não seriam como os amphioxus (que não possuem coração) ou os peixes ou os tunicados? Poderemos responder com outra pergunta: Como é a vida psíquica desses animais? Como seria a vida psíquica do homem?
Para uma vida superior precisa-se de um substrato anatômico, de manter o sangue sob uma pressão, “uma dose de estresse”. Estar acordado já é estar sob a ação do sistema nervoso. A musculatura está do lado arterial (aorta), por ser ele um órgão do corpo astral (da alma). Não está do lado venoso, porque o sangue flui pela capilaridade. Portanto, o músculo cardíaco é um órgão anímico. Quando o coração envia sangue ao sistema arterial os esfíncteres pré-capilares se fecham para criar uma pressão sanguínea. A maior força exercida pelo coração é para gerar hipertonia (PA) e precisa-se disso para encarnar a alma, como já foi comentado acima. Toda emotividade sustenta-se na circulação. A polaridade anímica se encarna na circulação, como se pode ver entre o ruborecer e o empalidecer. Por isso os sentimentos estão relacionados à parte rítmica do corpo. No susto, no medo, na palidez facial do susto, o fluxo sanguíneo (pela ação da alma) é levado para a esfera cardíaca, quando o sangue “foge” da periferia. Ou, quando se fica “vermelho de vergonha”, o sangue é “repuxado para cima”, para a face, para a periferia. Portanto, temos a polaridade anímica entre
O coração é formado pelos membros superiores suprassensíveis para seu instrumento. Depois de criado, podemos modificá-lo conscientemente. Por isso o coração é o centro da vida da alma, e realiza aí uma função superior, como órgão de consciência moral, para desenvolver o sentimento. E o sentimento vive na polaridade, entre o gostar não gostar, simpatia antipatia, amor ódio, etc. O coração está entre os dois extremos: o cosmo como a abóbada do céu, que está acima das nossas cabeças e a terra, no metabolismo. Pode-se ver também o coração (o sentimento) entre a polaridade: A “coragem” (que se traduz no excesso de entusiasmo) ou o “medo de morrer”. No meio, tem-se a força do amor, que é o verdadeiro representante do coração. Não é somente a alma (o sentimento) que atua no músculo cardíaco, mas o Eu (espírito), que vive no sangue, no movimento eterno, quando se desenvolve o amor altruísta.
A. M.
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Marcos Wunderlich
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